Manoel Joaquim “Perseverante” da Silva
O pescador Manoel Joaquim da Silva, 83 anos, é um exemplo vivo de perseverança e superação de vida. Apesar de tempos tão complicados vividos pela humanidade, solidão e desistência de continuar vivendo por muitos homens e mulheres, seu Joaquim segue firme e precisando de muito pouco para ter momentos de felicidade, pois ninguém é feliz permanente numa sociedade de tantas desigualdades e mazelas sociais.
A reportagem conversou com seu Joaquim na Rua Elias Asfora, Bairro da Maternidade, ás 12:30 da manhã. Ele estava no caminho para sua residência no Bairro Mutirão e o percurso levaria em média duas horas por ruas movimentadas e perigosas. Para dificultar ainda mais a trajetória, Joaquim carrega em sua cadeira de rodas um saco de cerca de 20 k/g com doações. Três vezes por semana ele vem ao centro de Patos para resolver questões do dia a dia.
Natural de Sertânia – PE, Joaquim veio para Patos na década de 60 e desde então não quis sair mais da ‘Morada do Sol’. Morando no Bairro do Mutirão, perto do açude do Jatobá que lhe garante complemento da renda como pescador, Joaquim confessa que tem três filhos, um desses gerado através de uma “mulher desmantelada”, segundo ele, lhe deu uma filha que tem 11 anos e o ajuda vez por outra empurrando sua simples cadeira de rodas pelas ruas de Patos. Outro filho de Joaquim seguiu os passos do pai e vive da pesca.
Aos 42 anos de idade, Joaquim sofreu um grave acidente de carro. No acidente, morreram dois amigos e Joaquim perdeu as duas pernas e por muito pouco não perdeu também a vida. Ele confessa que acidentes fazem parte de sua história desde criança: “Já são mais de 30 acidentes, só na cadeira de rodas tive um bocado. Jesus sofreu imagine eu”, diz.
Dois empréstimos consignados na sua aposentadoria têm tirado cerca de 50% do salário de Joaquim. Um para reformar a casa onde reside no Bairro Mutirão e outro para ajudar sua filha mais velha a abrir um comércio no Bairro Jatobá.
O complemento da renda de Joaquim, que é aposentado com um salário mínimo, vem da pescaria de camarão no açude Jatobá e da ajuda que obtém como pedinte. Devido a um acidente acontecido no mês de novembro de 2010 com sua cadeira de rodas ele fraturou o pulso da mão esquerda, e desde então está sem pescar. “O médico não engessou e desde lá eu boto mastruz para ajudar a curar, ainda doí, mas fazer o que?”, diz Joaquim que confessou encontrar-se, por falta de dinheiro, sem o material da pescaria do camarão. “Só é eu ficar bom da mão que volto a pescar. Estou sem o material da pesca, mas eu dou um jeito e arrumo”, complementou.
Aos 83 anos de idade, Joaquim é um exemplo de força de vontade e perseverança na luta pela sobrevivência.
Jozivan Antero – patosonline.com
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